A rotina, o dom da palvra, e os cifrões

Cá estamos mais uma semana.

Selecções - A vida de um treinador de uma selecção é uma profissão facilmente complicada, se por um lado tem ao seu dispor milhares de jogadores por outro só dispões de 22 lugares. Este meu raciocínio não é fácil de explicar.
Um treinador de um clube tem que gerir um grupo de 22 jogadores definidos no princípio de cada época mas não sabe o que se pode passar ao longo dos 9 meses seguintes, lesões, castigos, saídas no mercado de Inverno, entre outros.
O treinador de uma selecção tem uma vida mais facilitada (o que não implica ser uma vida fácil) porque até 15 dias antes dos dois jogos tem que escolher os melhores 22 jogadores portugueses que estejam a jogar onde estiverem, conseguem escapar a sempre dramáticas lesões, as baixas de forma, aos castigos, e saídas no mercado de Inverno não existem.
Isto tudo para explicar que, apesar de ser necessário formar um núcleo central numa selecção, não acredito que não haja neste momento um trinco em melhor forma que o Costinha, um ponta-de-lança mais eficaz que o Nuno Gomes, o que se tenha que correr o risco de convocar o Ricardo Rocha que em cinco jogos de SuperLiga só jogou um, que se tenha que utilizar um Simão que o próprio garantiu a pouco tempo que ainda não estava a 100%.
Pergunto eu há muito tempo, será que na Liga de Honra não jogadores com talento, será que nos 13 clubes da SuperLiga não há jogadores de selecção?
Não se compreende como é que o João Pereira (não pelo jogador que é) passando o que está a passar no Gil Vicente, seja chamado a Selecção. Não há mais defesa direito nenhum com menos de 21 anos em forma? Resultado aos 35 segundos tinha um cartão amarelo e no fim da primeira parte (por falta que não cometeu) estava expulso.
Temos outro ponto, que são as invenções tácticas, Miguel Veloso não faz de trinco e de central no Sporting? Porque jogou ele a defesa Esquerdo? Amoreirinha não costuma jogar do lado direito? Porque contra a Rússia jogou a Central. Depois não se pode culpar só o arbitro.
Bem dúvidas à parte, os AA tiveram bem diante um fraco Azerbeijão, enquanto os Sub-21 podem ter comprometido o playoff na Rússia.
Marcar 3 golos e não sofrer é dose.

Entrevistas – Esta semana houve duas entrevistas muito interessantes, a primeira de Rui Jorge ao Record, e a segunda de Pinto da Costa ao O JOGO.
Na primeira entrevista (há uns anos atrás, aquando da falada saída de Fernando Santos, em conversa com amigos eu disse que saindo Fernando Santos renovava o contrato com Barbosa e Rui Jorge como treinadores principais juntando-se a eles Paulo Bento. Chamaram-me louco! 3 anos e meio depois vejo com agrado o destino de cada um) Rui Jorge faz umas ligações engraçadas em relação ao Caso Apito Dourado e ao seu passado como jogador 6 anos no Porto e 7 no Sporting (afirma quando mudou do Porto para Lisboa não mudou a sua postura, mas começou a ser tratado de outra forma pelos árbitros. Menciona o celebre caso do Bessa com o Sporting a ganhar 1-0 acaba por perder 2-1 com R.Jorge e Barbosa expulsos.) Pinto da Costa, o homem que todos acusam mas ninguém consegue provar nada, dá a meu ver, uma grande entrevista ao jornal O JOGO de onde retiro uma citação muito importante:

“Acho que os adeptos são levados a pensar isso por alguma comunicação social. Se um jogador faz um golo mais bonito ou um drible mais espectacular, no dia seguinte já se diz que estão os olheiros de todo o Mundo em cima dele. Isso é o que vende. Ainda há dias vi que um jogador do Sporting, que apareceu neste momento e que está muito bem, já tinha o Real Madrid e o Atlético de Madrid doidos por ele. Isso é muito prejudicial para o evoluir da carreira de um jovem, que tem de estar com os pés bem assentes no chão. O mal dos jogadores portugueses, e por isso muitos falham, é saírem prematuramente do país. Foi o caso do Hélder Postiga, por exemplo. Deixem os jogadores amadurecer, não lhes ponham coisas na cabeça. Quando chegar a hora, os clubes mais ricos aparecerão.” Jorge Nuno Pinto da Costa in O JOGO

Com. Social – E é com esta afirmação que começo o meu último ponto. Muitos dos nossos meios de comunicação afirmam que o futebol português é parco em estrelas, os jogos são de fraca qualidade, mas não se cansam de empurrar os novos talentos para fora do país com anúncios de clubes milionários que oferecem contratos milionários a “miúdos” que como qualquer miúdo ficaria fascinado.
Isto implica que os clubes além de formarem tecnicamente os jogadores, agora têm que formar muito melhor a nível psicológico afim de evitar saídas precoces, por sonhos milionários. Salvo erro das últimas fornadas que saíram só Cristiano Ronaldo vingou, Simão acabou por voltar, Quaresma também, e Hugo Viana já voltou e já partiu.
No meu entender, e a anos que digo isto, mais vale ficar em Portugal mais tempo onde são considerados ídolos, jogam a titulares, do que ir em busca dos cifrões e ficarem no banco ou na bancada, onde para o público são apenas mais um.
Se os jovens talentos não saírem tão cedo, ou não saírem mesmo, eles ficam a ganhar e o futebol português também.
O que seria uma equipa do Sporting com Ricardo Abel, Beto, Tonel, Caneira, Miguel Veloso, Moutinho Ronaldo Nani Quaresma e Liedson e ainda poder contar no Banco com Figo, Hugo Viana entre outros.
Deixo um apelo as novas estrelas pensem bem antes de rumar ao estrangeiro.
Neste Ponto concordo 100% com Pinto da Costa!

Um Abraço e Até para a Semana

António Queiroz e Mello